Maturidade de gestão

5 desafios do gestor rumo à maturidade de gestão hospitalar

Ausência de programas de estímulo ao desenvolvimento profissional e processos não mapeados são dois deles; gestor deve buscar conhecimento fora da organização

por Roberto Gordilho

Administrar é conhecer e aplicar técnicas de gestão que viabilizam alcançar os resultados e metas propostos pelas organizações e, mais do que isso, mostrar o caminho para que profissionais  de diversas áreas possam executar seus papéis de forma integrada e em busca de sustentabilidade. Mas, em um hospital, os desafios do gestor se sobressaem aos enfrentados em outros setores. Falamos de saúde, algo que vai muito além do lucro e envolve quatro importantes elementos: segurança do paciente, qualidade do atendimento, eficiência dos processos e, por fim, o resultado financeiro. Um não funciona sem o outro.

O segredo para alcançar isso está na maturidade de gestão. Com ela, os gestores desenvolvem a consciência do funcionamento do hospital como um todo, sem separação por “caixinhas” departamentais. Para isso, o líder deve estar pronto para enfrentar cinco principais desafios:

1 – Ausência de programas de estímulo ao desenvolvimento profissional: capacitação, motivação e engajamento de equipes nem sempre são conceitos praticados nos hospitais. Muitas vezes, faltam programas de capacitação e avaliação de desempenho atrelada a promoções. Sem esses recursos, os profissionais se sentem desencorajados a buscar conhecimento fora do ambiente de trabalho e, assim, deixam de evoluir como gestores – causando perdas para o profissional e a instituição.

2- Processos não mapeados: em organizações que não aplicam a metodologia de gerenciamento de processos de negócios, eles são vistos de forma isolada, divididos por departamentos. Liderar se torna mais complexo, já que, em geral, não há  compreensão do todo e não se sabe onde ocorrem os gargalos – muitas vezes eles são tão difíceis de identificar que parecem simplesmente não existir. A falta da visão sistêmica pode levar o gestor ao pensamento errado de que ele entende muito de sua própria área e não precisa conhecer as demais. Isso cria,  também, bombeiros e heróis na organização, profissionais responsáveis por ‘apagar os incêndios’, que poderiam ser evitados com o conhecimento prévio da responsabilidade de cada um na execução das atividades.

3- Adoção de tecnologias de gestão como fim, não como meio: a aquisição de tecnologias de gestão, por si só, não amplia a maturidade de gestão. Esse entendimento é fundamental para a evolução do gestor de Saúde, que precisa ser capaz de aliar as ferramentas tecnológicas à otimização dos processos da organização e ao gerenciamento de pessoas. O desafio está em desenvolver essa percepção. Um líder maduro incentiva sua equipe a pensar sobre possibilidades de melhoria das atividades usando a tecnologia como meio para melhorar a gestão. Além disso, sabe que investir em capacitação e engajamento é fundamental para que os sistemas não sejam subutilizados – estimativas dão conta de que 90% dos hospitais usam somente entre 30% e 40% da potência das ferramentas  de gestão que possuem.

4- Falta de conhecimento do mercado: ampliar a visão para além do hospital é importante para a evolução, mas representa um dos principais desafios do gestor – que tem por hábito olhar somente para a rotina interna da organização. Observar e conhecer o mercado, avaliar os riscos, buscar informações e  compartilhar conhecimento com pares são pontos essenciais para evoluir como gestor. Ficar atento ao ambiente externo garante também informações estratégicas de previsão de riscos, comportamento do setor de Saúde e como estão caminhando concorrentes e parceiros. A interação do gestor com os riscos pode ser feita pela comparação de metas da instituição com as demandas do mercado. E é possível fazer isso se aproximando de outras organizações, usando benchmarking ou, até  mesmo, participando de congressos e eventos.

5- Hospital não é visto como negócio: o gestor que avança rumo à maturidade compreende que o hospital é mais do que uma instituição de assistência. É também um negócio e, como tal, precisa dar resultados em um setor cada dia mais competitivo. Para garantir a qualidade do atendimento,. a segurança do paciente e os resultados para a instituição é necessário investir em capital humano, saber gerenciar departamentos, liderar equipes, investir em tecnologia e aumentar a eficiência dos processos.

Não existe receita pronta para vencer esses desafios. Mas garanto: um bom primeiro passo é buscar conhecimentos e habilidades de gestão. São os  líderes maduros que vão ajudar a construir o futuro da Saúde no Brasil – e essa construção é para ontem.

Roberto Gordilho é CEO da GesSaúde e autor do livro Maturidade de Gestão Hospitalar e Transformação Digital: os caminhos para o futuro da Saúde.

 

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Foto: Freepik

 

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