Estratégia Empresarial

Agilidade e Inovação na Gestão de Saúde

Especialista apresenta principais métodos e técnicas para incorporar a agilidade na gestão: Scrum, Kanban e Lean

Por André Farias

A gestão de Saúde nos últimos anos está sendo revolucionada por métodos ágeis e inovadores. Eles são responsáveis por uma crescente melhoria na velocidade e na qualidade dos serviços prestados, além de intensificarem a motivação e a produtividade das equipes. Agilidade e inovação são características complementares e progressivamente estão ocupando mais espaço nos ambientes de tomada de decisão.

Na gestão de serviços de Saúde, sobretudo no atual cenário de recursos escassos e corte de gastos, estas novas práticas ganham ainda mais importância como ferramenta para enfrentar os desafios que surgem nesse contexto. Principalmente no setor público, onde os processos burocráticos, o excesso de reuniões e o retrabalho são endêmicos.

As metodologias ágeis envolvem novos valores, princípios, práticas, benefícios e se tornaram uma alternativa radical para a gestão no estilo comando e controle, uma vez que retiram os profissionais de seus silos funcionais para colocá-los em equipes multidisciplinares, autogeridas, com foco no cliente.

Dentre os métodos e técnicas para incorporar a agilidade na gestão destacam-se atualmente: Scrum, Kanban e Lean. O Scrum enfatiza o trabalho em equipe, criativo e adaptável, na resolução de problemas complexos. O Kanban se concentra na redução de prazos de entrega e na quantidade de trabalho no processo. A metodologia Lean foca na eliminação contínua de desperdícios.

O Scrum, ao envolver os membros da equipe de formações diversas como parceiros de colaboração, amplia a experiência institucional, constrói confiança e fortalece o respeito mútuo. Parte do princípio de que cada membro da equipe utilize as suas competências para atingir um objetivo em comum; empregando, desta forma, as melhores práticas para alcançar a alta performance. Com isso, este método aumenta a produtividade da equipe, a satisfação dos profissionais e minimiza o desperdício inerente às reuniões redundantes, ao planejamento repetitivo, à documentação excessiva e às falhas na qualidade dos serviços. 

O Kanban é uma forma de comunicação institucional baseada na visibilidade, na flexibilidade e na interação entre os profissionais. Baseia-se em quatro pilares fundamentais: (1) o trabalho em equipe, (2) a identificação e o desenho dos processos de trabalho, (3) constituição de formas e escalas de priorização, e (4) na medição da melhoria contínua. Ao contemplar graficamente e globalmente o processo de trabalho, o gestor consegue de forma mais fácil organizar e limitar a quantidade de tarefas em andamento ou inacabadas e, desta forma, priorizar atividades. Além disso, é possível detectar oportunidades de melhoria, não-conformidades, problemas ocultos, atrasos e falhas, inclusive na tomada de decisão; auxiliando a encontrar soluções mais eficientes para otimizar os processos.

A metodologia Lean é a permanente eliminação de atividades desnecessárias, de desperdícios e de ações de retrabalho. Situações presentes em grande parte dos processos dentro dos serviços de Saúde, que, ao serem otimizados, irão disponibilizar mais tempo e recursos para atividades de maior valor: segurança do paciente, qualidade do cuidado e excelência na assistência. Além disso, este conjunto de ferramentas permite aumentar a participação e a comunicação das equipes em todos os níveis da instituição, padronizar processos, potencializar fluxos e criar um ambiente favorável por meio de uma cultura de melhoria contínua.

Portanto, o gestor precisa ter maturidade para compreender como funcionam e como podem ser implementadas cada uma das metodologias ágeis em seus serviços e processos de trabalho. Particularmente no topo das instituições, é fundamental destruir as barreiras para as propostas inovadoras e evitar que as práticas convencionais de gestão prejudiquem os novos processos inovadores e ágeis.

Frente aos enormes dos desafios que o estado atual da gestão de Saúde apresenta, se torna essencial que os serviços e sistemas de Saúde errem menos, custem menos, desperdicem menos, entendam as reais necessidades de seus usuários, e sejam capazes de promover uma assistência à Saúde de excelência.

André Farias é médico com experiência em Gestão de Saúde, Consultor da GesSaúde, Co-fundador e CTO da FSL Governance, Mestre em Gestão de Tecnologias e Inovação em Saúde, possui MBA em Gestão Hospitalar e Especialização em Gestão de Saúde Pública.

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