Maturidade de gestão

Como a maturidade de gestão hospitalar reflete na certificação HIMSS

Acreditação serve de guia para gestores que almejam atingir o status de Hospital Digital,  a fim de ampliar a qualidade do atendimento e a segurança do paciente

por editorial GesSaúde

A certificação da Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS – Sociedade de Informação em Saúde e Sistemas de Gestão) Analytics, organização que lidera os esforços globais para otimizar a Saúde e a assistência médica por meio da tecnologia da informação (TI), é cobiçada por hospitais que buscam digitalizar seus processos. Para alcançar o status, porém, é necessário evoluir a maturidade de gestão hospitalar.

Como evoluir a maturidade de gestão hospitalar com a transformação digital

Claudio Giulliano, consultor da Folks, explica que  a certificação da HIMSS funciona de maneira similar a qualquer acreditação hospitalar, com a diferença de avaliar se os processos assistenciais estão, de fato, apoiados e automatizados por sistemas e tecnologias digitais. “Antes de mais nada, é preciso que o hospital tenha seus processos mapeados e desenhados, a fim de identificar de que forma a tecnologia pode auxiliar na execução das atividades. Os requisitos da HIMSS servem como um guia para os gestores que pretendem transformar a organização em um Hospital Digital”, destaca.

O modelo de adoção de prontuário eletrônico (Eletronic Medical Record Adoption Model, ou Emram) da HIMSS é dividido em oito estágios, a saber:

Estágio 0 – sistemas LIS (laboratório), RIS (radiologia) e PHIS (farmácia) não estão instalados ou não são integrados.

Estágio 1 – sistemas para laboratório, radiologia e farmácia instalados e integrados.

Estágio 2 – repositório de dados clínicos (CDR) instalado, com vocabulário médico controlado (CMV) e apoio à decisão clínica, além de intercâmbio de informações clínico-assistenciais.

Estágio 3 – documentação de enfermagem disponível no prontuário eletrônico, apoio à decisão clínica com checagem de erros e Sistema de Arquivamento e Comunicação de Imagens (Picture Archiving and Communication System – PACS) disponível fora da radiologia.

Estágio 4 – Sistema de prescrição eletrônica instalado e sistema de apoio à decisão clínica baseado em protocolos clínicos.

Estágio 5 – PACS com as principais modalidades de diagnósticos e eliminação do uso de filme radiológico (filmless).

Estágio 6 – circuito fechado de medicamentos com checagem beira leito, documentação médica integrada aos sistemas de apoio à decisão clínica.

Estágio 7 – PEP completo e em uso em todos os setores do hospital, com integração para o compartilhamento de informações clínicas e uso de BI e analytics para melhoria da assistência.  

Os estágios 6 e 7, conforme Giulliano, são os mais complexos e que requerem maturidade de gestão hospitalar mais elevada. Tanto que, no Brasil, somente a Unimed Recife alcançou o nível 7 e outros 15 hospitais estão no nível 6 do Enram. Para o especialista, é preciso que o hospital encare o projeto como uma estratégia empresarial. “Os gestores do hospital precisam primeiramente querer que a instituição seja diferenciada, mais segura para o paciente e com maior eficiência. Se a organização sabe que precisa alcançar essa meta, e certamente todas precisam, a HIMSS é um guia. Para conseguir a certificação nos estágios mais elevados, é preciso uma análise profunda do papel da tecnologia em cada processo hospitalar.”

O especialista alerta ainda que o projeto não pode ser visto como uma ação do departamento de TI, mas depende de atuação estratégica da equipe para sair do papel. “Trata-se de um projeto de transformação digital que permeia todas as equipes hospitalares e deve ser feito com a participação de todos os funcionários, do assistencial ao backoffice. É preciso rever os processos e até mesmo incorporar outros para alcançar os objetivos propostos e ser certificado. A TI tem papel importante na condução das ações, mas precisa estar alinhada com os objetivos de negócio da instituição”, afirma.

Interoperabilidade

Giulliano afirma que a HIMSS preconiza a interoperabilidade interna em primeiro lugar. “Isso significa que, para ser acreditado no Estágio 6, é necessário que diferentes sistemas estejam integrados entre si. O sistema da prescrição tem de estar integrado com o da farmácia, o do prontuário eletrônico com o de diagnóstico por imagem e assim por diante.”

Já para o Estágio 7 é exigida a interoperabilidade externa, ou o compartilhamento de dados com instituições parceiras, principalmente a operadora de Saúde. “Para tanto, é preciso ainda mais maturidade de gestão hospitalar, um desafio ainda enfrentado pela maioria das organizações, pois o compartilhamento de informações, mesmo que referentes ao paciente, ainda não é uma prática comum”, avalia Giulliano.

Garantir os requisitos solicitados pela HIMSS, portanto, não mostra ao mercado apenas um Hospital Digital, mas também um hospital que evoluiu sua maturidade de gestão de forma a enxergar a tecnologia como um meio para alcançar resultados, sendo os principais a segurança e a qualidade do atendimento ao paciente.

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Foto: Depositphotos

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