Gerenciamento de Processos de Negócios (BPM)

Como o gerenciamento de processos impacta na eficiência do hospital

Metodologia localiza e permite corrigir possíveis gargalos em atividades cotidianas que impactam diretamente na produtividade

por editorial GesSaúde

Hospital eficiente é aquele que consegue entregar a máxima qualidade no atendimento ao paciente com a quantidade exata de recursos necessários. Alcançar esse equilíbrio é um desafio que passa pela implantação do gerenciamento de processos, metodologia que ajuda a organizar os fluxos de trabalho e estabelecer onde estão possíveis gargalos que impactam na produtividade e eficiência.  

Gerenciamento de processos em hospitais na era da transformação digital

Susana Rosa Lopez Barrios, coordenadora do curso de especialização em gestão de Saúde do Senac Tiradentes, explica que, para que os processos possam ser gerenciados, é preciso, inicialmente, vislumbrar o que se pretende, quando e com qual qualidade. “Isso implica em desenhar o caminho para chegar aonde se quer. Os processos devem estar descritos detalhadamente, suas etapas bem delineadas e identificados os insumos e recursos tecnológicos necessários, além dos profissionais envolvidos.”

A especialista destaca que o acompanhamento da implementação de um processo bem calculado e bem desenhado permite comprar melhor e evitar desperdício. Lembra ainda que a avaliação constante, por meio da revisão, possibilita ao gestor antever se as atividades estão alinhadas às metas, se esses objetivos estão sendo alcançados ou não e tomar providências em tempo hábil. “Isso tem impacto direto na eficiência do hospital, influenciando tanto a qualidade do atendimento quanto os resultados financeiros.”

O gerenciamento de processos pode alterar a forma como são desempenhadas todas as atividades de um hospital, tanto as assistenciais quanto as administrativas. A especialista exemplifica: “no setor administrativo, os processos de compras podem ser desenhados com vistas a melhorar a qualidade dos insumos e da tecnologia, manter estoques mínimos e suficientes, acompanhar os contratos com fornecedores e com parceiros e fazer a gestão do orçamento. Já no setor assistencial, poderão ser implantados protocolos clínicos, gestão da qualidade e gestão da segurança ao paciente de forma estruturada, para que cada um saiba exatamente que atividade deverá desempenhar para alcançar o resultado desejado.”

São mudanças que impactam na eficiência da organização como um todo, conforme Susana. “Cada processo precisa refletir a política da organização. Somente dessa forma é que se vai trabalhar em sintonia, buscando alcançar as metas definidas pela equipe administrativa e aprovadas pela diretoria.”

Produtividade

Segundo Susana, o aumento do resultado é uma combinação entre o aumento da produtividade e o controle de gastos. Por isso, é necessário que os departamentos  comercial e o financeiro estejam muito afinados. “A gestão dos contratos com as seguradoras e operadoras de Saúde deverá considerar as informações dos custos da assistência para que cada acordo tenha viabilidade e garanta resultados ao hospital. A assistência, por sua vez, também deverá se apropriar dessas informações para balizar suas decisões quanto à manutenção ou não de alguns serviços, em como adequar a estrutura e os modelos assistenciais.”

É preciso ainda que a organização que se propõe a ser mais eficiente por meio do gerenciamento de processos saiba que é preciso ir devagar e encarar o fato de que haverá falhas no meio do caminho. Mas, conforme a especialista, são exatamente essas falhas que permitem uma análise mais aprofundada de cada processo que, consequentemente, levarão à eficiência almejada, já que se trata de um processo de melhoria contínua.

Organizações maduras conseguem ainda encontrar o equilíbrio entre eficiência, eficácia e efetividade, já que um processo pode ser altamente eficiente – como o de internação, por exemplo – porém a eficácia do produto final, ou seja, do atendimento ao paciente, não seja de máxima qualidade – no exemplo, a indicação pela internação poderia não ser necessária. Opostamente, pode-se possuir um serviço de alta qualidade, porém, que custa muito ou demora demais para ser executado. Qualquer desses dois cenários traz desperdício de dinheiro e recursos, impedindo que se alcance o equilíbrio necessário para a prestação dos serviços em Saúde, ou seja, apesar de realizados com máxima eficiência, não garantem a efetividade.

A busca por eficiência, eficácia e efetividade é o caminho da melhoria contínua. Não se trata simplesmente de melhores processos, mas sim de criar uma cultura na qual todos trabalham para alcançar o melhor e mais seguro tratamento ao paciente, com melhor qualidade de atendimento, dentro de um padrão de custos sustentável para a instituição.

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Foto: Depositphotos

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