Gerenciamento de Processos de Negócios (BPM)

Gerenciamento de processos em hospitais na era da transformação digital

Tecnologias permitem mais controle sobre as atividades, ao mesmo tempo em que garantem segurança ao paciente e ampliam a qualidade do atendimento

por Roberto Gordilho

Imagine-se na seguinte situação: um familiar está doente e precisa ser internado. O médico que o atende é um profissional renomado, de extrema confiança, e você está satisfeito com o tratamento indicado. Mas, por uma falha na dispensação de medicamentos, ele toma um remédio errado e  piora.

O gerenciamento de processos é uma forma de minimizar esse risco. O conceito tem como princípio básico organizar a rotina do hospital. Ao mapear todas as atividades realizadas pelas equipes – tanto as envolvidas diretamente com a assistência, quanto as administrativas -, é possível identificar rotinas que podem ser melhoradas, além de criar procedimentos e barreiras de segurança para reduzir erros. Esse olhar ampliado sobre a organização garante que todos irão atuar de forma a proporcionar a máxima qualidade e segurança no atendimento ao paciente com a exata quantidade de recursos necessários.

Hospital: onde e como implantar gerenciamento de processos

Na era da transformação digital, movida por velocidade, disrupção e inovação, não podemos mais dissociar o gerenciamento de processos das tecnologias, afinal, as ferramentas são fundamentais para execução das atividades. No mercado atual, porém, ainda existem instituições que acreditam que a equipe de processos não precisa entender das ferramentas de gestão e vice-versa. Pior que isso só equipes de processo que não entendem sequer do negócio e acreditam que apenas ferramentas de BPM ou outra notação qualquer irão resolver o problema.

O fato é que tecnologia e processos devem andar de mãos dadas quando o paciente é colocado como o centro da visão, missão e valores da instituição. A tendência une conceitos como liderança, cultura, estratégia e gestão que, juntamente com a tecnologia, precisam ser desenvolvidos dentro das organizações que desejam permanecer e, mais que isso, crescer em um mercado de Saúde que se torna mais complexo a cada dia.

Para entender, volte à situação acima. Com um circuito fechado de medicamentos  e checagem beira-leito realizados por sistemas informatizados e integrados, as chances de erros diminuem. Não precisamos mais de heróis, profissionais exemplares que se sacrificam para garantir o melhor atendimento. O que necessitamos são processos bem desenhados e executados, amparados pelas tecnologias de gestão.

Mudanças

Os processos devem ser mapeados nos sistemas informatizados para que se garanta mais controle sobre a maneira como eles são realizados, quem os realiza e o impacto para o paciente. Todos os envolvidos são responsáveis pela correta execução das atividades e  preenchimento dos dados – que, trabalhados por ferramentas de Business Intelligence (BI), se tornam importantes fontes de insights de negócios.

Para garantir que isso ocorra, a capacitação é requisito básico, mas não devemos nos limitar a ela. Envolver toda a equipe no processo de implantação, tanto do gerenciamento de processos quanto das tecnologias, é uma das formas de criar engajamento e aculturamento. Transformação digital não é um conceito que pode ser imposto. Para que se alcancem os resultados esperados com o investimento em inovações, os colaboradores devem participar ativamente das mudanças. São eles que vão dizer de que forma as tecnologias podem auxiliar os processos, com risco de que se não for feito dessa forma, não haverá plena adesão – e, então, será dinheiro escoando pelo ralo.

Alguns profissionais podem até ser resistentes, mas quando a transformação digital é um objetivo que parte da gestão e está associado à estratégia, deve-se transmiti-lo de forma a promover o total engajamento. Isso só será possível se o gerenciamento de processos for uma ferramental vertical na essência, que inclui todas os níveis da organização, e horizontal na implementação, afinal o processo não conhece organograma, ele perpassa diversas áreas e setores para garantir a melhor prestação do serviço ao paciente.

Entenda que não é possível fazer gerenciamento de processos apenas em um departamento, ou somente na assistência, por exemplo. Afinal, o atendimento ao paciente não respeita hierarquias, muito menos setores – em geral, passa por todos eles, inclusive os de backoffice.

Numa orquestra, é preciso que cada músico execute com perfeição as suas notas para garantir a harmonia perfeita da música. O mesmo tem de ocorrer no hospital: cuidar da saúde do paciente depende de que cada um realize o processo ou atividade sob sua responsabilidade com a máxima qualidade e segurança ao paciente – e, claro, com o apoio cada vez maior da tecnologia.  

Roberto Gordilho é fundador da GesSaúde, mestrando em administração, especialista em sistemas de informação, engenharia de software, desenvolvimento web e em finanças, contabilidade e auditoria, possui mais de 30 anos de experiência nas áreas de tecnologia e gestão, sendo 15 na área da Saúde.

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Foto: Depositphotos

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