Gerenciamento de Processos de Negócios (BPM)

Gerenciamento de processos: ferramenta horizontal, não departamental

Com maturidade de gestão hospitalar, conceito é aplicado tendo por base visão sistêmica que contempla todos os setores da organização de Saúde

por editorial GesSaúde

O gerenciamento de processos é um conceito que auxilia o hospital a organizar e otimizar os processos e atividades, tanto as assistenciais – que lidam diretamente com o paciente – quanto as do backoffice e administrativas. Além da padronização, é possível criar indicadores e metas, alinhadas à visão estratégica do negócio, a fim de conduzir a organização de Saúde a alcançar resultados e, assim, evoluir a maturidade de gestão hospitalar.

Hospital: onde e como implantar gerenciamento de processos

https://www.youtube.com/watch?v=LsIIeKzXA-k&t=43s

Para alcançar esses resultados, no entanto, o gerenciamento de processos deve ser implantado de forma horizontal em todos os setores do hospital, garantindo que todos os departamentos sejam contemplados, com a participação e engajamento de toda a equipe. É preciso deixar para trás a ideia de divisão por departamentos e trazer à tona o conceito de integrar e somar forças.

Aimar Martins Lopes, coordenador de pós-graduação dos cursos de administração hospitalar e gestão da qualidade em organizações de Saúde do Centro Universitário São Camilo, destaca que o gerenciamento de processos é importante para o hospital por se tratar de uma organização complexa e que lida diariamente com a vida humana. “Quando há a compreensão efetiva de como as atividades são executadas, ou seja, os processos, as organizações desenvolvem um nível de serviço first class, ou de classe mundial. Cria-se um padrão para executar cada tarefa e, com isso, reduzem-se erros e amplia-se a qualidade.”

Segundo Lopes, alcançar esse patamar depende de um caminho que começa com a identificação dos processos-chave provenientes da estratégia organizacional, passa pelo conhecimento da metodologia e ferramentas para elaboração e melhoria dos processos integrados para, então, realizar o efetivo mapeamento dos processos funcionais e horizontais. Após a implantação, o especialista lembra que o modelo não é estanque e há necessidade constante de revisar os processos, a fim de identificar gargalos e corrigir rotas.

O coordenador do São Camilo cita o administrador hospitalar e autor de livros sobre o tema Fadi Antoine Taraboulsi para enfatizar a importância do gerenciamento de processos: “nenhuma estrutura no mundo é capaz de resistir a processos demorados e ou que não funcionam.”

Para alcançar todas essas potencialidades, Lopes defende a horizontalidade do gerenciamento de processos, que depende da visão sistêmica do gestor em relação à organização, proporcionada pela maturidade de gestão hospitalar. “As instituições que visam suas atividades de forma vertical, dentro da funcionalidade de cada departamento, não têm competitividade e operam de forma deficiente. Nesses casos, a visão do gestor é semelhante a uma colcha de retalhos. Mas, em organizações maduras, a visão sistêmica prevalece, pois as atividades principais transcendem as linhas hierárquicas da estrutura administrativa.” Sendo assim, a indicação do especialista é que a organização adote a gestão por processos de forma horizontalizada e apoiada de um sistema de informação gerencial (Enterprise Resource Planning – ERP).

Lopes acredita que quando há maturidade de gestão hospitalar, desenvolve-se uma cultura que preza pelo exercício da estratégia, adoção de certificações internacionais, excelência na qualidade dos serviços, melhoria contínua, sustentabilidade e a gestão por processos. “Dentro desse cenário a gestão por processos é mais um elemento da cesta que compõe uma boa governança corporativa.”

Resultados

Com o gerenciamento de processos implantado de forma horizontal, o hospital ganha objetividade para o cumprimento das metas organizacionais estabelecidas no planejamento estratégico, o que, segundo Lopes, reflete diretamente na satisfação do cliente. “Para o hospital, podemos dizer que a satisfação do cliente reside no seu principal stakeholder, o paciente, e que essa satisfação está associada à segurança.”

Lopes garante também que a melhoria contínua por meio do gerenciamento de processos com o modelo horizontal permite clareza nas relações de causas e efeitos entre os problemas departamentais e seus impactos ao longo da cadeia de valor organizacional.

Implantado dessa forma, o conceito ainda proporciona ao gestor a visão total dos serviços oferecidos, e aos funcionários, o conhecimento da efetividade do seu trabalho, suas interfaces e o que cada processo representa para o todo e, principalmente, para a qualidade do atendimento ao paciente.

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Foto: Depositphotos

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