Governança Corporativa

Governança corporativa: como aculturar o hospital

Comunicação e transparência são chaves para que funcionários adotem o conceito e ajudem a organização a atingir a maturidade de gestão hospitalar

por editorial GesSaúde

Governança corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas, envolvendo relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas. O conceito formaliza um conjunto de regras de como deve ser a conduta de cada funcionário e da equipe para que se alcancem os resultados estratégicos planejados.

Os 5 níveis de maturidade da governança corporativa

Para implantar governança corporativa no hospital é preciso primeiro criar uma cultura de profissionalização da gestão. Klaus Suppion, coordenador dos cursos de educação a distância de ciências contábeis e de gestão de seguros da Universidade Metodista de São Paulo, afirma que esse aculturamento exige disciplina, planejamento e leva tempo. “Níveis de governança não são obtidos da noite para o dia. Existe uma cultura que precisa ser desenvolvida para que a organização tenha boas práticas. Governança corporativa não é uma chancela, não se obtém com uma auditoria. É um conceito que precisa ser incorporado no dia a dia da instituição.”

Os gestores têm papel de destaque nesse processo, pois são os responsáveis por aculturar o hospital para que as boas práticas de governança convertam princípios básicos em recomendações objetivas. Assim, alinham-se os interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade do atendimento ao paciente.

Elizabeth Castro Maurenza de Oliveira, coordenadora do curso presencial de ciências contábeis da Metodista, explica que a governança corporativa têm sido cada dia mais disseminada nas organizações de todos os setores porque quando seus conceitos são bem executados, ajuda a gerar retorno financeiro e mercadológico. “O gestor é o responsável pela operacionalização e o cumprimento das expectativas demandadas pelos conselhos administrativos, conselho de auditoria e assembleia de acionistas.” Portanto, é ele quem deve comunicar as metas e objetivos pactuados para os demais integrantes das equipes.

Como aculturar

O primeiro passo para a aculturação do hospital, destaca Elizabeth, é que funcionários e equipes saibam exatamente a quem devem responder. É preciso ter claro quem é a liderança direta, a quem o funcionário irá se reportar para que possa alinhar suas atividades e definir prioridades.

Saber para quem se responde, porém, não quer dizer que as equipes devem trabalhar de forma isolada. Um dos princípios básicos da governança corporativa é possibilitar que todos conheçam o papel que desempenham para o cumprimento da atividade-fim do hospital, que é oferecer atendimento de qualidade ao paciente com os recursos disponíveis. Esse processo, conforme a especialista, também faz parte da aculturação, já que propõe que se entenda o que o outro executa e a forma como eventuais erros podem impactar no ciclo completo da cadeia de prestação do serviço – nesse ponto, contar com gerenciamento de processos facilita a aculturação para que se alcancem boas práticas de governança corporativa.

Entre os pilares da metodologia também estão a comunicação e a transparência, portanto, é preciso não apenas criar conselhos e comitês, mas também comunicar aquilo que é discutido e, principalmente, decidido em suas reuniões aos demais funcionários. Conhecer os resultados que a organização quer alcançar é essencial para que o profissional desempenhe sua função e se sinta parte do sucesso do time, como garante Klaus Suppion. “Direcionar a organização sem que seus colaboradores saibam do planejamento estratégico é impossível. A melhor forma é colocá-los como parte do projeto, com participação em todas as etapas.”

Os especialistas concordam: aculturar o hospital, atingir a maturidade da governança corporativa e da gestão como um todo leva tempo, exige esforço de gestores e equipes, mas permite fortalecer as instituições, com definição de regras claras para facilitar os processos e entregar qualidade e confiança ao paciente.

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Foto: Depositphotos

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