Editorial GesSaúde

Imunização de crianças contra pólio e sarampo segue abaixo da meta no País

Apenas seis estados conseguiram vacinar 95% do público-alvo; Ministério da Saúde irá avaliar organizações públicas

Por editorial GesSaúde

Encerrada na última sexta-feira (31 de agosto), a campanha nacional de vacinação contra poliomielite e sarampo não atingiu a meta de imunizar 95% do público-alvo em 20 Estados brasileiros, segundo o Ministério da Saúde. O órgão destaca os gestores públicos têm até 15 dias para informar quantas doses foram aplicadas. Nesta segunda-feira (03/09), porém, o Ministério já começa a discutir, juntamente com Estados e municípios, qual será o próximo passo de mobilização para aumentar as coberturas vacinais – o que exigirá mudanças em organizações de Saúde Pública.

Milton Lapchik, médico e especialista em implementação e coordenação de Programas de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar, Gerência de Riscos Sanitários e apoio técnico em programas de acreditação de serviços de Saúde, explica que, em casos de surtos de doença, as organizações devem se apoiar na tecnologia e na gestão para melhorar a assistência. “As definições de surto são baseadas em critérios bem definidos e nas notificações rápidas de casos suspeitos das doenças. A tecnologia pode apoiar as ações de vigilância por meio da criação de informações, gatilhos vinculados ao prontuário eletrônico, registros da sala de triagem de serviços de Saúde e do laboratório, de forma a desencadear as ações precoces de notificação, diagnóstico e prevenção”, argumentou o especialista, que também é docente do curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo.

Com o aumento dos casos de pólio e sarampo, o Ministério da Saúde reforçou a campanha de vacinação e deve estender o período de imunização. Em nota, o órgão oficial informou que “apesar de a campanha nacional ter se encerrado na última sexta-feira (31 de agosto), o Ministério da Saúde orientou aos Estados que estimavam estar abaixo da meta de vacinação, a promover uma nova mobilização no sábado (1º de setembro). A campanha deste ano é indiscriminada, por isso, todas as crianças nessa faixa etária devem se vacinar, independente da situação vacinal”.

Lapchik aponta que outras estratégias podem ser utilizadas para reforçar junto à população a necessidade de imunizar as crianças. “A intensificação das ações de vigilância epidemiológica, acompanhadas de educação permanente para os profissionais com atuação na vigilância em Saúde, na equipe multiprofissional que presta assistência à Saúde e para a grande comunidade, vinculado à adequação da cobertura vacinal, constituem ações de grande impacto para a prevenção contra o sarampo e a poliomielite. Os órgãos de comunicação apresentam importante papel de sensibilização e de orientação à população geral, sobre prevenção em Saúde coletiva”, avaliou o médico.

Novos casos

De acordo com informações do Ministério da Saúde, foram confirmados 1.553 casos e 6.975 permanecem em investigação. As informações são de boletim elaborado com dados colhidos até o dia 28 de agosto. Atualmente, o País enfrenta dois surtos de sarampo: no Amazonas que já computa 1.211 casos e 6.905 em investigação, e em Roraima, com o registro de 300 casos da doença, sendo que 70 continuam em investigação. Entre os confirmados em Roraima, nove casos foram atendidos no Brasil e estão recebendo tratamento, mas residem na Venezuela.

Os surtos estão relacionados à importação, já que o genótipo do vírus (D8) que está circulando no país é o mesmo que circula na Venezuela, país que enfrenta um surto da doença desde 2017.  Alguns casos isolados e relacionados à importação foram identificados nos estados de São Paulo (2), Rio de Janeiro (18); Rio Grande do Sul (16); Rondônia (2), Pernambuco (2) e Pará (2). O Ministério da Saúde permanece acompanhando a situação e prestando o apoio necessário aos Estados.

Até o momento, no Brasil, foram confirmados sete óbitos por sarampo, sendo quatro em Roraima (três em estrangeiros e um em brasileiro) e três no Amazonas (todos brasileiros, sendo dois do município de Manaus e um do município de Autazes).

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