Gestão de Pessoas

CEO: verdadeiro líder não delega gestão de pessoas só ao RH

Papel do líder é formar e motivar equipes, tarefa que não pode ser delegada ao RH, mas que depende dessa parceria para ser bem executada

por Roberto Gordilho

A gestão de pessoas ainda é encarada por muitas organizações como responsabilidade exclusiva do departamento de recursos humanos. “Passa lá no RH” é o que vários funcionários ouvem de seus gestores quando estes não sabem – ou não querem – ajudá-los a resolver um problema relacionado à carreira. Mas uma das maiores responsabilidades de um líder é formar e motivar suas equipes, por isso, o CEO do hospital deve ter papel ativo na escolha e gestão de seus colaboradores e dar o exemplo a todos os colaboradores da importância que as pessoas têm para a instituição. Entregar essa tarefa ao RH é atitude de quem não quer liderar.

O papel do RH na maturidade de gestão hospitalar

De forma nenhuma isso quer dizer que as atribuições do RH vão deixar de existir. O que precisa mudar é a cultura de enxergar o departamento como um custo, e não um ativo estratégico alinhado à visão, missão e valores do hospital. O CEO que não encara seu capital humano como ativo da organização acaba por influenciar essa atitude entre os demais gestores e, em vez de formar líderes, pode correr o risco de desestimular sua equipe e , consequentemente, ver seus talentos sumirem.

A formação dos gestores brasileiros é um ponto de alerta. Para formar bons líderes, é preciso que universidades e cursos de pós-graduação coloquem a gestão de pessoas ao lado dos demais pilares essenciais também para evoluir a maturidade de gestão dos hospitais: governança corporativa, estratégia empresarial, tecnologias de gestão e gerenciamento de processos. Se não há uma boa gestão de pessoas, alcançar níveis de profissionalismo em cada uma dessas vertentes se torna praticamente impossível. São as pessoas que irão transformar esses ingredientes da gestão em um caldo que contém os nutrientes primordiais para qualquer organização de Saúde: qualidade e segurança no atendimento ao paciente e melhoria dos resultados.

Tecnologia x pessoas

Em tempos de transformação digital, o CEO corre o risco de cometer um erro comum: achar que a tecnologia irá resolver tudo. Investir em equipamentos sem um trabalho de capacitação e engajamento das equipes que farão uso dessas ferramentas inovadoras é um tiro no pé. A decisão deve ser colaborativa. É a equipe que vai elencar os principais desafios para que  os gestores planejem qual tecnologia ajudará na solução.

Por isso é preciso que a comunicação entre CEO e funcionários seja encarada como parte do cotidiano. O líder do hospital não pode ser inacessível, ou do tipo que chama o funcionário para “trocar ideias” – entra na sala com a sua e sai com a minha. Ouvir e ponderar é um segredo que não se ensina, mas é preciso aprendê-lo e dominá-lo. O CEO que ouve e considera opiniões e sugestões de seu  funcionário tem condições de gerir melhor seu capital humano e, consequentemente, todos os demais departamentos de um hospital – formado, essencialmente, por pessoas, não podemos esquecer.

Uma boa gestão de pessoas, que valoriza seus talentos e incentiva o desenvolvimento tanto dentro quanto fora da organização, deve considerar alguns aspectos:

  • Reconhecer a importância do papel de cada indivíduo na efetividade organizacional;
  • Estabelecer parcerias nas equipes de trabalho;
  • Atrair e reter os talentos, com suas competências individuais, que estejam alinhadas com o objetivo da organização;
  • Treinar e desenvolver competências e profissionais, a fim de criar vínculo duradouro entre as duas partes.

Assim, é possível evitar cenas como a do chefe que repreende seu funcionário na frente das equipes, ou daquele que, ao invés de direcionar seus colaboradores, delegando com confiança as tarefas, quer controlar os profissionais. O verdadeiro líder, com o apoio do RH, incentiva, conduz, inspira e forma outros líderes. E assim o hospital evolui.

Roberto Gordilho é fundador da GesSaúde, mestrando em administração, especialista em sistemas de informação, engenharia de software, desenvolvimento web e em finanças, contabilidade e auditoria, possui mais de 30 anos de experiência nas áreas de tecnologia e gestão, sendo 15 na área da Saúde.

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Foto: Depositphotos

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