Editorial GesSaúde

Da fragmentação à união: o papel do hospital na construção de um novo sistema de Saúde

Adoção de modelos que priorizem a qualidade de vida ao invés da doença é o que irá garantir a sustentabilidade das organizações no futuro

Por Editorial GesSaúde

O atual sistema de Saúde não é realmente um sistema. O que existe hoje na Saúde Suplementar é uma fragmentação, com cada organização atuando por si só na assistência ao paciente, sem enxergar o todo. Por isso o foco desse modelo está no tratamento da doença, e não na manutenção da saúde da população.

O primeiro passo para construir um verdadeiro sistema de Saúde é unir todos os agentes do setor, cada um atuando de forma estratégica para promover saúde para as pessoas. O hospital deixa de ser a unidade central desse modelo e passa a ocupar a posição que lhe pertence dentro de um sistema harmônico: a de atenção secundária ou terciária. Quem explica é Daniel Ignacio da Silva, professor da Universidade Santo Amaro (Unisa): “Os hospitais são pontos de atenção que pertencem aos modelos de atenção secundário e terciários, abarcando a realização de consultas especializadas, cirurgias e outros procedimentos mais complexos e com maior densidade tecnológica. Dessa forma, a instituição hospitalar pode desenvolver ações de integração com as demais unidades que compõem a rede de Saúde, como já acontece no SUS”, exemplifica o especialista.

O especialista considera a adoção de modelos de atenção primária na Saúde Suplementar como uma forma de construir esse novo sistema. Mas alerta exatamente para a questão da maturidade de gestão das organizações. “Considero louvável que os serviços privados estabeleçam políticas assistenciais baseadas nos cuidados primários, e assim monitorem a adesão e a situação clínica dos pacientes com condições crônicas como diabetes, hipertensão arterial e outros agravos. É notório que essa adoção do modelo exige não somente maturidade dos gestores, mas um compromisso das instituições com a garantia da qualidade de vida dos pacientes. A implantação desse modelo permite a redução de custos com internações prolongadas, exames desnecessários, e a melhor satisfação do cliente”, destaca.

Saúde populacional

A construção desse novo modelo de Saúde exige a prática da medicina preventiva com foco em manter a saúde populacional, de forma a evitar agravos que ocasionam gastos desnecessários ao sistema como um todo.

Marcelo Chanes, coordenador do curso de graduação tecnológica em gestão hospitalar e do MBA em gestão de serviços de Saúde da Unisa destaca a gestão populacional em rede como um caminho. “Com a gestão populacional em rede, os hospitais conhecem a vida e os hábitos do paciente e conseguem intervir fortemente nos hábitos não saudáveis, construindo uma gestão de saúde eficaz. O fortalecimento da integração entre o hospital e as demais organizações envolvidas na assistência auxilia na educação da população para o bom uso do sistema, o que auxilia na saúde financeira do setor e na qualidade prestada por não sobrecarregar, por exemplo, um hospital com casos que poderiam ser tratados por médicos generalistas.”

Está mais do que na hora de os hospitais assumirem a responsabilidade por essa mudança. Caso contrário, a sustentabilidade do setor como um todo estará ameaçada. E para assumir o papel de protagonistas da mudança, os hospitais precisam primeiro olhar para dentro e garantir a sua própria maturidade, organizando processos e pessoas e atuando com a tecnologia como um meio para a transformação do setor.

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Foto: Pixabay

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