Transformação Digital na Saúde

Inteligência artificial, a maior revolução tecnológica de todos os tempos

Na Saúde, a inteligência artificial beneficia a gestão reduzindo custos e acelerando processos, além de fornecer suporte altamente confiável para a assistência

Por Roberto Gordilho

A inteligência artificial (IA) está presente em diversos segmentos da sociedade. Com os recursos tecnológicos cada vez mais complexos e a ampliação do acesso à internet, as soluções e o uso de IA nos negócios se tornaram imprescindíveis quando os objetivos são inovar e garantir sustentabilidade. No setor da Saúde, entre os diversos benefícios dessa disrupção estão a previsibilidade, assertividade da tomada de decisão, celeridade em rotinas como filas de atendimento e acuracidade em diagnósticos.

 

Os primeiros trabalhos envolvendo a IA começaram ainda durante a Segunda Guerra Mundial.  Walter Pitts, cientista cognitivo e Warren McCulloch, neuroanatomista, publicaram em 1943 um artigo sugerindo um modelo eletrônico capaz de emular as redes neurais de um ser humano. O projeto ficou conhecido como o neurônio McCulloch–Pitts (MCP). As premissas desenvolvidas pelos cientistas norte-americanos inspiraram uma leva de iniciativas que culminaram na IA como conhecemos atualmente. 

O segundo grande passo da história da inteligência artificial foi dado pelo polímata ‍Alan Turing. Durante o primeiro período do pós-Segunda Guerra, ele formulou uma maneira de analisar se uma máquina teria a capacidade de simular o comportamento humano. O Teste de Turing, como ficou conhecido, foi publicado em seu artigo “Computing machinery and intelligence”, na revista Mind, em 1950. O trabalho empurrou cientistas e empresários no desafio de criar uma máquina capaz de passar no teste, ou seja, se comunicar com uma pessoa e ao mesmo aprender com a conversa. 

ELIZA

O software Eliza é considerado o primeiro chatbot e foi desenvolvido por Joseph Weizenbaum, cientista da computação do MIT (Massachusetts Institute of Technology) entre os anos de 1964 e 1966. Na época, a ideia ganhou fama por simular uma conversa real entre paciente e um psicólogo. Muitos usuários afirmaram que não era possível determinar se Eliza era de fato uma máquina devido à precisão de suas respostas. 

De fato, atualmente diversas organizações de Saúde, bem como empreendimentos de outras indústrias, usam chatbots como uma das ferramentas de interação com clientes. Mesmo que historicamente a inteligência artificial tenha sido pensada como uma forma de fazer uma máquina pensar e agir como um ser humano, suas funcionalidades atuais, na verdade, são um poderoso suporte para os profissionais – mas não podem tomar seus lugares. 

Com o grande volume de dados gerados na Saúde, é praticamente impossível a análise detalhada sem auxílio da tecnologia. A inteligência artificial se encarrega de agrupar as informações de acordo com a necessidade mais eminente. Por exemplo, na gestão de leitos, a IA pode ser atribuída para otimizar o giro e priorizar pacientes de acordo com a evolução do quadro clínico.

No cuidado e prevenção, essa importante tecnologia também pode ser usada para relacionar linhas de cuidado e prevenção. E como tudo é relacionado aos dados, a IA também amplia a segurança digital, identificando informações restritas e compartilhando com os profissionais que têm acesso permitido. Além disso, todas as aplicações da inteligência refletem em redução de custos e intercorrências para os negócios. 

E como a pandemia da Covid-19 impulsionou as organizações de Saúde para a adoção de tecnologias complexas, como é o caso da inteligência artificial, muitos questionamentos foram levantados a respeito disso. Afinal, por mais similar ao comportamento humano, nenhuma tecnologia pode ainda substituir profissionais e muito menos assumir a tomada de decisões importantes. Esse embasamento motivou a Organização Mundial de Saúde a publicar em 2021 o primeiro relatório global sobre o uso da IA na Saúde: Ethics and governance of artificial intelligence for health (Ética e governança da inteligência artificial para a saúde, em tradução para o português).

O documento é respaldado em seis princípios sobre a ética e objetivos da inteligência artificial:

  • Autonomia humana: o primeiro princípio do relatório trata justamente sobre a tomada de decisão. Ela fica exclusivamente restrita aos humanos, ou seja, a IA fica restrita para a otimização da gestão do cuidado, cabendo aos profissionais a responsabilidade de cuidar dos sistemas de saúde e decisões médicas;
  • Bem-estar e segurança: os desenvolvedores são responsáveis por garantir a funcionalidade de todas as tecnologias implantadas, atendendo às normas e regulamentações específicas, permitindo o uso adequado e acessível das soluções de inteligência artificial;
  • Transparência: todas as informações devem ser publicadas antes da implantação de uma inteligência artificial. Além disso, os responsáveis pelas organizações de Saúde também devem se responsabilizar por permitir a acessibilidade ao longo do uso da IA;
  • Responsabilidade: as instituições que adotam IA devem fornecer capacitação e treinamento específico para os profissionais diretamente ligados ao seu uso;
  • Inclusão: esse princípio estipula que soluções de inteligência artificial sejam usadas para promover a equidade e inclusão na Saúde;
  • Responsiva e sustentável: os desenvolvedores de IA devem avaliar de maneira contínua todas as ferramentas e soluções para garantir a qualidade dos serviços envolvidos. Além disso, todas as soluções de IA devem ter os impactos ambientais reduzidos e eficiência energética ampliada. 

À medida que as novas tecnologias são incorporadas no cotidiano da Saúde, gestores e profissionais das mais variadas atuações dentro do setor devem se manter atualizados quanto aos usos e benefícios da inteligência artificial. O que deve ficar claro é que essa inovação amplia a autonomia das pessoas, reduzindo tempo na obtenção de informações confiáveis e tornando o cuidado mais personalizado o possível – o que reflete diretamente em resultados empresariais altamente positivos. 

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