Gestão de Pessoas

Liderança baseada em dados é diferente da empírica

Na liderança baseada em dados, o líder deve monitorar e acompanhar rotinas e equipes usando indicadores para coletar informações importantes para a tomada de decisão

Por Roberto Gordilho

Tomar decisões maduras e de maneira mais segura é uma habilidade que destaca os bons líderes na Saúde. Mas, para que isso aconteça, é preciso ter informação confiável e saber como as rotinas e equipes atuam dentro da organização. A liderança analítica, baseada em dados, distancia-se muito do agir pelo empirismo, da experimentação. Trata-se do amadurecimento profissional proporcionado por meio da coleta e análise dos dados gerados diariamente pelos processos e atuação dos times. É justamente com essas informações que a liderança promove o desenvolvimento e aprendizado das pessoas conforme os objetivos do negócio e suas metas (de qualidade e produtividade, por exemplo). 

O que é preciso, porém, para liderar com base nos dados? 

Em primeiro lugar, é preciso extrair os dados. E isso acontece a partir de uma série de estratégias fundamentais para a boa gestão dos processos e projetos em Saúde. Ou seja, ao encabeçar um projeto, é preciso traçar um planejamento, estruturá-lo em metas e objetivos que devem ser alcançados em períodos de entrega pré-estabelecidos. E ao longo de todo o percurso, o líder deve monitorar, acompanhar, usar os indicadores para extrair os dados e, com eles, tomar as decisões pertinentes para garantir uma entrega com qualidade, engajamento e aprendizado dos times.

Contudo, a estratégia de liderança não pode blindar os dados. Ou seja, eles devem ser compartilhados estrategicamente com todos da equipe. Mas a coleta de dados acontece em todo o processo de elaboração da estratégia de liderar uma equipe. E segue o curso do planejamento estratégico até a execução. 

Planejamento estratégico

Como em qualquer negócio, é preciso ter um norte, um plano a seguir. O planejamento estratégico é um processo sistêmico que permite à organização de Saúde estabelecer um caminho a ser seguido para conquistar os objetivos. É preciso levar em consideração o contexto da instituição, cenários interno e externo, além de definir metas e marcos temporais nos quais elas serão atingidas. 

Após a elaboração de um planejamento estratégico bem traçado, é preciso desdobrá-lo em ações que serão tomadas em curto, médio e longo prazo (os marcos temporais). Esse é o plano de ação.  Ele é fundamental para colocar em prática as estratégias e processos necessários para que os objetivos sejam conquistados através de cada meta estabelecida, monitorada e metrificada.  

Com o mapa em mãos, gestor e líder têm conhecimento sobre como o negócio deve funcionar e quais são as ações que devem ser distribuídas entre as equipes. Cada tarefa deve ser acompanhada, medida e comparada com base em indicadores que fornecem informações fundamentais para a tomada de decisão. 

Os marcos

É crucial segmentar as metas e objetivos em marcos temporais: anual, mensal, semanal e diário. Dentro de cada marco, o líder deve se valer de indicadores para metrificar e acompanhar o desenvolvimento das atividades e performance das equipes. Afinal, é por meio dos indicadores que as ações são convertidas em números, em dados, que precisam ser medidos e monitorados com base no que foi definido no planejamento estratégico. 

Na prática de liderança, o líder assume papel de mentor para que o engajamento seja uma realidade em cada membro da equipe. Para que as pessoas compreendam o que delas é esperado, é essencial que as informações sejam comunicadas de forma clara e concreta. Ou seja, os dados não devem ser de uso exclusivo dos profissionais de gestão e liderança. Eles devem ser interpretados em informações plausíveis e que sejam transmitidas de forma compreensível, de acordo com o perfil e campo de atuação de cada colaborador ou grupo de trabalhadores. É dessa forma, colaborativa e com extenso uso dos dados traduzidos para a realidade individual, que o engajamento deve ser trabalhado pelo líder.             

A importância do acompanhamento

O papel da liderança é direcionar a equipe. E isso implica que o líder deve saber para onde ir e o que fazer para ter os resultados esperados em cada passo de um processo ou projeto de negócio. Os dados, nesse sentido, são o suporte para a tomada de decisão do profissional e, além disso, servem para nortear as estratégias de condução do time. Liderar com base nos dados é ter a habilidade de distribuir responsabilidades e acompanhar a qualidade, produção e desenvolvimento do trabalho. 

Monitorar os dados permite ao líder enxergar onde está um gargalo e agir da melhor forma para corrigi-lo. Por exemplo, uma das responsabilidades da área de manutenção é garantir a estabilidade e funcionamento dos equipamentos dentro de uma organização de Saúde. Para isso, é necessário ter um processo de manutenção preventiva que vai fornecer os dados, as informações, sobre quais equipamentos necessitam de reparo imediato, troca futura ou atualização. 

No faturamento, os dados que podem ser acompanhados dizem respeito ao volume faturado e autorizações despachadas. Ainda como exemplo, o centro cirúrgico precisa ter um  fluxo otimizado de liberação das áreas de pré-operatório, operação e pós, controle de autorização de OPMEs (órteses, próteses e equipamentos especiais) entre diversas outras atividades que geram dados para compreensão holística do trabalho e direcionamento das equipes. 

Todo e qualquer processo de gestão pode parecer simples, porém, não é fácil. Demanda que o profissional tenha disciplina, organização, método, estruturação do trabalho, monitoramento e, no caso do líder, é fundamental usar os dados para garantir o sucesso operacional e, principalmente, desenvolver pessoas. Liderar é um processo de aprendizado. Dessa forma, a medição permite que boas práticas sejam repetidas pelas equipes, o que se torna um processo de aprendizado estratégico.

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