As organizações exponenciais priorizam resultados e o desenvolvimento de propostas inovadoras, estruturas organizacionais rígidas não fazem parte desse contexto

Por Roberto Gordilho

Organizações exponenciais são totalmente distintas das startups. O que prevalece entre ambas é o poder inovador e os resultados obtidos de forma acelerada. Porém, o grande diferencial está na estrutura e propósito de atuação. O termo organização exponencial remete às funções matemáticas cuja curva tem um crescimento mais rápido em comparação às funções lineares. 

Da mesma forma, as organizações exponenciais (ou ExOs, como também são conhecidas) crescem de forma muito mais acelerada que os empreendimentos tradicionais – os lineares. Elas se valem da evolução da tecnologia para desenvolver soluções inovadoras e transformar todo um mercado ou hábito de consumo. As ExOs não investem em estruturas e hierarquias rígidas, com um amplo quadro de colaboradores e grandes sedes físicas. 

Bom, até aqui tudo se assemelha à uma startup, não é?

Porém, outro ponto diferenciador está na forma como ambas trabalham. As startups nascem com um crescimento acelerado, geralmente atribuído a um produto ou serviço inovador. Já uma organização exponencial pode ser definida por uma empresa que cresce no mínimo 10 vezes mais que as outras. O termo foi conceituado dessa forma pela primeira vez em 2014 na obra “Organizações exponenciais – por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (e o que fazer a respeito)”, de Salim Ismail, Yuri Van Geest e Michael S.

Portanto, uma startup pode se desenvolver pelos princípios de uma Exos. Ou uma empresa linear pode usar os mesmos pilares para mudar todo o negócio e encontrar um novo lugar no mercado. 

Para transformar um empreendimento em uma organização exponencial, o primeiro passo é pensar grande. Isso mesmo. Pode parecer filosofia barata, contudo, esse princípio norteador é composto de 10 elementos que fazem um negócio escalar de forma rápida e sustentável. Eles são agrupados em dois conceitos e geralmente são apresentados pelos lados direito e esquerdo do cérebro, de forma lúdica: Scale e Ideias. 

SCALE

São os fundamentos relacionados à capacidade de criatividade, crescimento, incerteza e integração de pessoas e comunidade com o auxílio da tecnologia. Por isso, são associados ao lado direito do cérebro. A palavra SCALE é um acrônimo formado pelas expressões:

• Staff on Demand (Equipe sob demanda): em uma ExOs a formação de equipes é feita sob demanda, ou seja, de acordo com os produtos e serviços que a empresa se propõe a entregar. Os profissionais são escolhidos pelas habilidades de suas profissões de acordo com a demanda da vaga;
• Community and Crowd (Comunidade e multidão): em organizações lineares a busca por inovação acontece dentro do empreendimento. Já as ExOs extrapolam o princípio inovador para o público externo, fomentando entusiastas dos ideais inovadores, o que colabora com o compartilhamento e divulgação dos produtos e serviços da organização; 
• Algorithms (Algoritmos): para escalar o negócio de forma rápida, é preciso ter um algoritmo próprio;
• Leveraged Assets (Ativos Alavancados): as ExOs compartilham e alavancam ativos para ganhar velocidade de crescimento e melhor adaptação às mudanças do mercado;
• Engajament (Engajamento): para o engajamento contínuo das equipes acontecem feedbacks claros e o uso de recursos interativos digitais como gameficação, inclusive para capacitação. 

IDEAS

O acrônimo representa a ordem, controle e estabilidade de uma organização exponencial. Para o crescimento acelerado, uma ExOs usa dashboards, tecnologias sociais e processos de experimentação. A expressão é formada pelos seguintes elementos:

• Interfaces: os algoritmos definidos na SCALE são usados para criar interfaces com o púbico alvo do negócio;
• Dashboards: são painéis visuais que contém informações essenciais para tomada de decisão, além das métricas e indicadores;
• Experimentação: a aplicação desse conceito se assemelha ao que acontece no Lean Startup. As organizações exponenciais fazem constante experimentações e protótipos para avaliar a aceitação de um produto e serviço e assim reduzir erros, custos e desperdícios;
• Autonomia: por serem formadas sob demanda e com amplas estratégias de engajamento, as equipes são empoderadas e autogerenciáveis. Assim, assumem decisões para inovação e desenvolvimento da organização;
• Sociais: tecnologias sociais são aplicadas para reduzir a distância entre informação e tomada de decisão. De acordo Theo Priestley,  especialista em negócios sociáveis, a equação para o sucesso de uma organização exponencial é formada pela soma de Conexão + Engajamento + Confiança + Transparência.

E por trás do Scale e Ideas está um Propósito Transformador Massivo ou Massive Transformative Purpose (MTP), em inglês, bem definido, claro e compartilhado entre as equipes. O conceito representa a declaração de objetivo de uma organização exponencial. É a forma como ela quer ser vista pelo público e também contém uma proposta ambiciosa de entregar valor em toda sua atuação no mercado. 

Por isso, desenvolver uma organização exponencial também demanda maturidade de gestão e transformação cultural por parte dos profissionais responsáveis pelo negócio.

Em um mundo de serviços físicos como a Saúde é premente avançar na transformação para o digital. E pensar na forma de organizações exponenciais pode ser um caminho para criar novos produtos e serviços que abram novas avenidas de crescimento às organizações.